Pois bem galera.
sexta é dia de contos, portanto chova ou faça sol, eu estou aqui para lhes trazer mais um conto potencialmente perturbador para nossa selecta clientela.
do autor Chico Araújo.

Conto II
sinistra; que nem mesmo omais destemido ousara transpassar. Entretanto, as suas bordas fediam a flores e madeiras podres, que há tempos não são trocadas, e de sua putrefacção, surge, portanto, males. Os ir remediáveis males, que ora não se contentam apenas com o tormento; alguém precisa. E surge o modo: tímido, que nem mesmo consegue respirar as vistas dos outros; branquial e obstruo, com guelras apodrecidas e narizes dilatados; pulmões, ah! Estes não têm.

_ Porventura, a sua morada não fosse limitada; havia também trepas que amordaçavam todo o lar e que, através delas, um novo complexo generalizava-se. Subiam-se. Exacto, subiam-se. – “Às copas”, diziam sempre. Embora a necessidade ocorresse, as pestes temiam a altura – e não apenas, sagazes que eram, formataram um sistema de escalada escalafobética, que tornara uma contradição, a empreitada. O que se plantara já não dava, o “húmus” estava tão desgastado que o massapé se dava mais: não importa; aquilo já não era mais o importante, importava agora o cume e como se chegar com a casa. Claro! Como ir sem casa, afinal?

_ As gerações foram acumulando-se sem pegadas tão significantes, e em tempos de forasteiros: a desgraça! Quase se não resta pouca cousa. De algum outro lugar, surgiam, dos infernos distantes, forças cavalares que caiam sobre a camada que merecia, todavia nas que mereciam menos também; mas todos mereciam, as pestes. Até que, novamente, as cousas iam ajeitando-se, mas nunca como antes, mas ajeitavam-se.

_Em tempo nunca imaginado, surge a esperança: a lenda de uma comunidade civil, que não era tão civilizada assim; bem próximo dos arredores do fim de um novo começo, assim chamava-se o longe. Brandamente, os ouvidos aguçaram-se e prestaram atenção àquelas palavras todas; havia repetições ideológicas, não em suma praticadas, mas como tudo há: havia. Foram, enfim: a estrada já não era mais estrada, perdeu-se toda em folhagens; e árvores; e capims; e estrumes e pestes (...).

_Ornamentaram guinchos de tipos e tamanhos vários. Não contiveram satisfação quando o primeiro milímetro se havia superado. As expectativas culminaram ao cume! E as relvas, imobilizadas, pareciam sorrir friamente a contemplar o que há gerações não se viu. Os esforços não foram poupados: gritos, gemidos, tantos outros, precipitavam o sofrimento, muito embora a satisfação estivesse sendo concretizada. Na metade de um centímetro, muitos já haviam sido abatidos pelo cansaço e incinerados – sim! – pois era desse modo que as “pestinhas” pagavam, por cansaço impróprio. A máquina “pesteira” nunca foi tão capaz, mesmo já se percebendo, à distância, uma pequena fumaça que denunciava os fracassados.

_ Agora, que nos centímetros estão à injecção animalesca atinge a minoria, pois outros muitos fazem parte agora, das filas dos incinerados. Quando já superado, quase todos os centímetros, só restavam os mais poderosos e os bons e a fumaça está quase se esvaindo, já que as pestes que sobram, estas têm muito valor. E parece que agora, as cousas fluem melhor, tendo em vista a precisão e ordem das forças. - Sumamos!

_ É a marcha. Chegando à casa dos decímetros, só se vê os melhores guerreiros; oficiais que dobram seus esforços em postura descomunal, referendando por tradição, mitos. Entretanto, como pestes comuns, percebe-se que à casa dos metros, houvera um retrocesso. Aos poucos o desespero veio à tona, e em seguida, como nunca, as chamas arderam sem cessar. E foi-se assim; descendo a cada milímetro, as esperanças daqueles que sobreviviam, e que, a cada tempo, deixavam de sobreviver. Caiu, até o último milímetro, e a placa não só caiu em pé, como caiu deitada, por fim. E aquilo que há gerações não fora construído, não se construirá mais, pois até mesmo, a última peste, incinerou-se.