Pois bem, galera
Hoje é sexta feira, dia de tirar os sapatos e descansar.
afinal, não há nada mais cansativo do que não fazer nada.
Hoje também é dia de contos aqui no insanidades.
Um conto sobre paranóia, para vocês, insanos que gravitam por aqui.
Se gostarem comentem.

Conto I
Caminhava temeroso por aquela estrada escura. Desnecessário temor, pois, como todos sabem á aquele horário os ladrões, assassinos e outros facínoras já haviam batido seu ponto e ido para suas casas. Agarrava com todas as forças um pequeno embrulho contra o peito. Seu passo ritmado produzia um som continuo que o irritava, mas mesmo assim deveria continuar. Não havia tempo para pensar nisso.

Se o descobrissem tudo estaria perdido. Seu nome actual já não lembrava. Era mesmo difícil se lembrar de alguma coisa depois de tanto tempo nessa. Se soubessem o que... não. Com certeza já sabiam. Sua esposa de mentira e os filhos adoptados já estavam mortos por essas horas. Tinha apenas um lugar ainda para ir, mas se quisesse chegar lá teria que se apressar.

À noite quase findada, e podiam-se ver as pessoas saindo de suas casas para sua labuta diária. Se o vissem, ou pior, se vissem o que ele carregava estaria tudo perdido. Mas não. Ao virar à esquina a esperança cresceu em seu peito. O seu porto seguro estava à vista. Sua salvação. Sua paz, talvez, pudesse ser alcançada. Porém, antes de alcançar seu ultimo refugio, ele foi pego. No ultimo instante, uma bala corta o ar e atravessa seu lobo parietal indo alojar-se em seu hipotálamo. O rastrearam afinal. Parece que no final das contas sua paranóia não era tão infundada assim.